Depois de um
dos finais de semana mais tensos do segundo mandato da presidenta Dilma, o
vice-presidente Michel Temer trouxe sua habitual calma para tratar a crise
atual, turbinada pelo seu colega de legenda, Eduardo Cunha. “Esta é uma
crisezinha política, não se trata de instabilidade institucional”, afirmou
Temer, em uma evento para acadêmicos e empresários em Nova York. Estava
apresentando o país como um celeiro de oportunidades para aquele público.
Não era
somente uma frase de efeito para vender o Brasil. A mesma posição apaziguadora
havia sido tomada na sexta-feira passada, quando o presidente da Câmara
anunciou seu rompimento com o Governo. Segundos depois de Cunha reunir os
jornalistas para dar a notícia, o telefone de Temer não parava de tocar. Em sua
casa, no bairro de Alto de Pinheiros, em São Paulo, o vice-presidente procurava
acalmar seus interlocutores dizendo que a atitude de seu colega de partido não
se tratava de uma posição partidária, mas de uma opção individual do presidente
da Câmara. Ele não saiu de casa durante o dia todo.
Tampouco fez alguma
declaração oficial, deixando para o partido formalizar sua posição por meio de
uma nota à imprensa. Apenas validou o conteúdo antes de partir para os Estados
Unidos com a mulher, Marcela, e o filho, Michelzinho, onde deve permanecer até
o final da semana.
A discrição
e a extrema ponderação sempre foram um traço que se destacou na identidade do
vice-presidente. Muitas vezes essas características foram interpretadas como
fraqueza ou falta de ambição pela sua pouca afeição aos holofotes. Mas, na
política o mistério vale ouro. E num momento em que sobra crise e falta
liderança, o equilíbrio de Temer para lidar com o caos tem sido uma virtude que
se sobressai. Transformou-se no fiador da estabilidade do Governo Dilma e do
Brasil.
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