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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Crônicas do Cotidiano

O Fim da Fotografia ?

-  por Tais Luso

Meus álbuns poderão fazer parte de museus. Hoje é um cerimonial folhar um álbum, ver fotos da juventude, formaturas, casamentos da família, festas... Mas a luta é inglória, o pessoal só quer saber de fotos no Smartfone, Tablets e aparentados. E dos últimos acontecimentos em Selfie. Nunca vi tanto autorretrato. Tantas caras e bocas. 

Minha geração (longe de ser do período paleolítico) ainda teve o privilégio de tirarfotografia. De manusear uma máquina profissional. De tentar fazer Arte fotográfica.
Ao ler uma entrevista na revista ISTOÉ, com o genial mineiro Sebastião Salgado, me bateu a nostalgia de um adeus. Cedo ou tarde teremos a despedida, segundo ele. A 'fotografia' está no seu final. Ele fala em fotografia profissional que passa por uma técnica própria, por processo especial da impressão, edição, um manuseio especial em laboratório. E uma técnica aprimorada. Tive o prazer de entrar num estúdio de revelação e ver o processo, a elaboração de uma fotografia.

Em seu último trabalho, o fotógrafo coloca o planeta à nossa disposição; os lugares mais fascinantes da Terra, difícil de chegar, difícil de fotografar, emocionante de ver. Oito anos de trabalho intenso para compor a obra Genesis.

'Descobri que 46% do planeta ainda está como no dia da gênese' - relatou Salgado.

Interagiu ao longo de 40 anos com culturas fantásticas, registrando pessoas, fauna, flora e contribuindo para preservação do planeta. Pelo menos tentando. Seu próximo trabalho será sobre as tribos indígenas brasileiras – grupos antigos, remotos e intocados pela civilização - ainda. Pelo menos 100 grupos nunca foram contactados. Deverá ser um trabalho minucioso e fantástico.

Mas, pra não dizer que só falei de flores e não coloquei uma pimentinha no texto, pergunto se algo bem contemporâneo não ficará registrado nos anais da história da fotografia dita imagem: falo do horroroso, deselegante e cafona pau de selfie. É uma invenção sui generis. Até em casamento já foi usado, e pelo padre! Não há dúvida que ficou exótico.

Porém está com seu uso proibido nos vários parques temáticos dos Estados Unidos, de Paris e Hong Kong, o que alegam representar um perigo para a segurança de seus visitantes e empregados. Essa medida se estende, também,  a vários  museus. (ZH-27/6/2015).

Não faz muito que li um artigo escrito por um especialista em ciência de computação, que deu para perceber a despreocupação das pessoas a respeito do seu resguardo (ZH 14/6/2015). Não há dúvidas que elas não se dão conta do grande risco que correm com a exposição de tantas fotos nas redes. Pela facilidade, o ato se torna inconsequente. Mas como já virou uma paranoia, ninguém pesa as consequências. Mas pode virar um incômodo tamanho família. A vaidade humana não tem limites, está por demais escrachada.
Já existem, nos Estados Unidos, estudos com jovens que já se encontram doentes e insatisfeitos porque a tal selfie não lhes agrada nunca! E tais fotinhos precisam ser aprovadas nas redes sociais. Este é um dilema que virou obsessão por uma grande parte de pessoas. Enfim, os tempos são outros... Mas a arte, a criação e a emoção são coisas diferentes. Ficarão para sempre como relato da história da humanidade.


Protesto na Praça da Paz Celestial
Um jovem durante o protesto na Praça da Paz Celestial, na China, que fez parar uma fileira de tanques de guerra. A identidade do jovem é desconhecida até hoje. Em 2000, o mesmo jovem  foi eleito pela revista Time uma das pessoas mais influentes do século XX.



Solidariedade
A foto revela um gesto de solidariedade de um missionário em Uganda - 1980. 
A foto ficou registrada como a melhor foto daquele ano, sem que o fotógrafo soubesse...


A menina e o abutre
Essa foto emocionou o mundo, pois retrata a calamidade da fome na África, causada pela guerra civil. A tomada da foto foi feita em uma aldeia no Sudão (1993) e mostra um abutre observando uma criança desnutrida que aparentava esperar a morte e viraria alimento da ave. A foto rendeu ao fotógrafo o Prêmio Pulitzer. Contudo foi muito criticado por não ter ajudado a criança. Pressionado pelo sentimento de culpa, Carter  suicidou-se em 1994, aos 33 anos. 

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