As urnas eletrônicas e o sistema de votação no Brasil são
seguros?
Silvio Romero de Lemos Meira é um renomado pesquisador brasileiro, formado em Engenharia Eletrônica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor em computação pela University of Kent at Canterbury (Inglaterra). A poucos dias da votação do 1º turno da eleição de 2014, Meira faz uma pergunta que provoca calafrios em qualquer cidadão:
"Será que dá para clonar urnas (eletrônicas)?",
questiona ele em seu blog na
internet.
No domingo, dia 5, teremos no País a maior eleição com urnas
eletrônicas do mundo, como diz a propaganda do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), e a participação de 142 milhões de eleitores.
O ex-assessor da secretaria de política de informática do
Ministério da Ciência e Tecnologia e membro do primeiro comitê gestor da
Internet/br, Silvio Meira responde à pergunta que faz:
"Sim, é possível
clonar uma urna eletrônica". Isso pode ocorrer por meio de um dispositivo
chamado "data e hora", que põe a máquina para trabalhar no dia da
eleição. Se este dispositivo for fraudado, surge literalmente uma segunda urna
que poderá ser carregada de votos. Um clone eleitoral!
Para justificar sua preocupação, o renomado Silvio Meira
cita entrevista do professor Pedro Antonio Dourado de Rezende, do Departamento
de Ciência da Computação da Universidade de Brasília, concedida à revista Info,
do Grupo Abril, em setembro passado.
O repórter Fernando Barros foi direto ao ponto:
"Funções de data e relógio podem ser alteradas
facilmente na urna eletrônica?", quis saber.
Pedro Rezende respondeu:
"As configurações de data e hora do relógio interno da
urna podem ser alteradas por um programa da própria urna que já esteja
preparada e lacrada, isto é, pronta para votação. Para esse programa rodar,
entretanto, ele precisa de alguns dados externos que são instalados, durante a
etapa de preparação, em mídia própria (pen drives), chamada mídia de ajuste de
data e hora, ou abreviadamente ADH. Quando um tal pen drive ADH é colocado numa
urna já pronta e esta urna é ligada, essas funções podem ser alteradas
facilmente, antes da verdadeira data programada para a votação. Assim é
possível fazer a urna entrar em modo de votação bem antes da hora certa,
propiciando o tipo de fraude chamado de 'urna clonada', que, simplificadamente,
faz uma votação antes da hora, grava e guarda os resultados, recarrega a urna
para ser enviada para a seção eleitoral correspondente, com a data e horário
corretos, e depois troca os resultados antes da transmissão."
Uma fraude perfeita no mundo da eletrônica.
O repórter da Info, então, pediu esclarecimentos:
"Quais são os momentos críticos para manipulação de
resultados?"
Pedro Rezende respondeu: "Em sistemas informatizados de
votação como o do TSE, classificados como de primeira geração, caracterizada
por não permitirem recontagem de votos, e portanto também caracterizada pela
integridade do resultado depender completamente da honestidade dos programas
utilizados nas urnas e nas demais etapas do processo de votação, qualquer
momento em que um tal programa é transmitido, configurado, encapsulado em
software, instalado ou inicializado, é momento potencialmente crítico para
manipulação dos resultados", afirmou o professor.
A advogada Maria Aparecida Cortiz, consultora do PDT na área
de apuração em urnas eletrônicas, fez palestra recentemente na Bahia sobre a
vulnerabilidade de nossas urnas. Ela fez um alerta claro sobre o dispositivo
"data e hora" das urnas que serão usadas no próximo domingo.
"Fizemos uma análise de código fonte, contratamos um
aluno da Universidade de Brasília para analisar o código fonte, o Gabriel
Gaspar, aluno do professor Pedro, descobrimos situações muito sérias e eu
queria colocar isso em primeira mão aqui", disse ela.
"A ideia não é
tumultuar as eleições, mas mostrar problemas sérios nas urnas para quem quer
manipular as eleições e chamar a atenção da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB). Encontramos vulnerabilidade no código fonte", reforçou Cortiz.
As perguntais foram realizadas pela Info e reproduzidas atreveis de áudios e fontes de estudos
Veja o vídeo reproduzido
em áudio escute com atenção.
As opiniões aqui expressas são de responsabilidade de seu idealizador e não refletem, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário