As mídias sociais da internet ainda vivem sob o clima de guerra que se instalou com as eleições e provocou inimizades entre os usuários
Por Cesar Soto
Danusa Maroto, uma analista de planejamento de 29 anos moradora de Santo André, a cidade que representa o A do ABC Paulista, por pouco não encerra uma amizade familiar por conta das eleições deste ano. Filha de nordestinos, Danusa ficou revoltada quando viu a namorada de seu irmão, a atriz Caroline Santos, 20 anos, postar comentários ofensivos no Facebook atribuindo a reeleição da presidenta Dilma Rousseff aos brasileiros da região Nordeste. “Eu lembrei que a sogra dela era uma nordestina, mas ela estava tão inflamada pelo resultado que piorou o discurso. Não tive dúvida, fiz o bloqueio na hora, para não agravar as coisas”, diz, que viu o irmão ter de entrar no meio da discussão para não deixar que a briga escalasse para níveis irreparáveis entre as cunhadas.
Danusa e Aline, felizmente, acertaram os ponteiros depois de trocas de mensagens pelo celular, em que a futura cunhada pedia desculpas pelos comentários desmedidos na rede. Casos de rupturas temporárias em amizades próximas e antigas como a das duas foram rotina nestas eleições, em especial na polarização que tomou conta do País no segundo turno. De uma hora para outra o Brasil foi dividido em “coxinhas” e “petralhas”, que passaram a guerrear nas redes sociais como se inimigos étnicos milenares fossem.
Os embates, algumas vezes repletos de golpes baixos, foram reflexo – e também razão – da maneira como os principais candidatos à Presidência da República utilizaram o Facebook, o Twitter, o WhatsApp e o Instragram ao longo da corrida pelo Planalto. Nunca na história das eleições brasileiras a disputa por votos foi tão intensa e tão importante na internet como em 2014. Prova disso são os números divulgados pelo Facebook logo após o fim do segundo turno. De acordo com a maior rede social do planeta, o tema eleições foi mencionado 647 milhões de vezes durante a campanha no País. “Foi o maior acontecimento já mensurado pelo Facebook no mundo”, afirma Bruno Magrani, diretor de relações institucionais da companhia americana no Brasil. Nem mesmo as eleições na Índia, país com mais de 1 bilhão de habitantes, ou a reeleição de Barack Obama, em 2012, movimentaram o Facebook com tamanha intensidade.
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