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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Existe crise?

O principal desafio das Ciências Sociais é interpretar adequadamente a conjuntura. Quando isto não ocorre, análises conduzem os leitores à constatação equivocada da realidade. Na análise conjuntural não se deve desprezar os fatos e a qualificação adequada do momento que dado país vive.
Desde FHC, as instituições brasileiras avançam. A Lei de Responsabilidade Fiscal incentivou os gestores a boas práticas de governança. Privatizações possibilitaram a diminuição dos espaços do estado e, por consequência, enfraqueceu a dinâmica clientelista presente no presidencialismo de coalizão. Na era Lula, a Ação Penal 470 permitiu que políticos fossem condenados pelo STF.
Em 2014, na era Dilma, a Operação Lava Jato é iniciada. Em razão dela, diversos empresários e políticos foram detidos. Um grande escândalo de corrupção pública envolvendo a Petrobrás veio à tona em razão das ações da Justiça Federal, Ministério Público Federal e Polícia Federal. Variados órgãos de comunicação noticiam as ações advindas da Operação Lava Jato. E da cobertura midiática, diversos fatos, que requerem julgamentos de valor por parte da opinião pública, brotam.
Os escândalos de corrupção que abundam no noticiário sugerem que as instituições brasileiras avançam e que aos poucos a paralisia deixa de fazer parte delas. Governos, independentes dos que estejam no exercício do poder, sofrem com acusações. Porém, desde a curta era Itamar, nenhum presidente da República foi acusado oficialmente por crime de responsabilidade ou falta de decoro.
No âmbito econômico, a alta da inflação, neste ano, não sugere, ainda, de modo algum, que o Brasil voltará à conjuntura econômica antes do Plano Real. O pífio crescimento econômico de 2014 e, certamente, deste ano, não permite que ondas de pessimismo invadam as cabeças sábias. Relatórios econômicos de variadas instituições presumem que em 2016, caso o ajuste fiscal seja aprovado, o Brasil voltará a crescer. Os avanços sociais ocorridos desde as eras FHC e Lula podem sofrer momentânea paralisação e ínfimo retrocesso neste ano. Mas tais possibilidades não sugerem desastres.
No presidencialismo de coalizão, presidentes da República disputam a supremacia nos campos midiáticos e Legislativo com os membros do Parlamento. Tal dinâmica, costumeiramente, possibilita disputas, arengas. Porém, em dado momento, algum ator, presidente ou congressista, cede e a relação volta à normalidade, ou seja, os conflitos diminuem.
Desde junho de 2013, manifestações implodem nas ruas do Brasil. Redes sociais são arenas de disputas eleitorais. Pesquisas de opinião mostram que a presidente da República, agremiações partidárias e Parlamentos sofrem de déficit de confiança. Diante de tantos fatos, suspeita-se que o Brasil vive o caos. Mas tenho outra interpretação: o Brasil avança institucionalmente e mais eleitores exigentes e inquietos surgem.    

Informações: Adriano Oliveira. Cenáriointeligencia.com.br.  

Perfil: Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE. Colaborador do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. Cenário Inteligência -http://www.cenariointeligencia.com.br.

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