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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Crônicas do Cotidiano

Traduzi-se / Ferreira Gullar  

Obra -  Ferreira Gullar


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

Como crítico de arte e pensador, Ferreira Gullar está entre os mais lúcidos escritores da atualidade. Seus textos têm clareza e a sagacidade dos que indicam caminhos e denunciam falácias que se revelam em discursos políticos ideológicos como também nas bienais de arte. Sua poesia é fruto de uma sensibilidade erudita, lírica e social. Sua poética é capaz de traduzir, além das angústias do homem contemporâneo, os fecundos silêncios que alimentam seus próprios conflitos, inquietações, tristezas e alegrias.

Ferreira Gullar na coluna de Nelso Motta

Acessem: >> http://bit.ly/1dtfsj9

* Por tais Luso.

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