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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Direto de São Paulo

Como protestar na sociedade do espetáculo?

Manifestantes do Movimento Passe Livre realizam ato em frente ao Masp (Foto: Taba Benedicto/ Brazil Photo Pres …

O mês de janeiro chega ao fim deixando a impressão de que 2015 será um ano de muitos protestos no Brasil (ônibus, luz, água, ajuste…tudo o que diz respeito à qualidade de serviços públicos). Mas como será a melhor maneira de chamar a atenção para causas coletivas em uma sociedade do espetáculo, já saturada por imagens e informações? 

Pensando nisso, me vieram à mente duas formas criativas de protestos, uma na França e outra na Inglaterra.

Na França, os artistas Helen Evans e Heiko Hansen realizaram uma “intervenção” que gerou impacto. Durante uma semana projetaram raios laser sobre os contornos da fumaça que saía da chaminé de uma estação de energia. Denominada de “instalação ambiental”, a nuvem verde (“Nuage Verte”) teve como objetivo chamar a atenção para o consumo de energia (a usina é uma geradora de eletricidade movida a carvão).O conceito do trabalho: “realizar uma pesquisa artística explorando a poluição desde um ponto de vista especulativo e cultural”.
Já na Inglaterra, artistas têm usado as imagens das milhões de câmeras de segurança (CCTVs) instaladas pelo país em supermercados, shoppings, estacionamentos, nas ruas, enfim, em praticamente todos os recantos onde há viva alma, como fonte de criação. A iniciativa vem de encontro à crescente inquietação gerada pelo excesso de câmeras de segurança e a consequente invasão de privacidade. A cineasta Manu Luksch produziu um filme a partir de imagens dela própria requisitadas ao longo de 4 anos – pela lei inglesa qualquer cidadão tem o direito de pedir suas imagens a quem controla as câmeras, inclusive as instaladas por estabelecimentos particulares. O título: Faceless ou Sem Rosto, já que, também por lei, pode-se pedir suas imagens, mas as outras pessoas que aparecem na “cena” – digamos, uma tarde em algum parque de Londres ou subindo-se uma escada rolante do metrô – devem ter suas identidades apagadas, no caso, com bolas no rosto.

Desde junho de 2013 as manifestações urbanas no Brasil ganharam um componente novo: é preciso parar o trânsito. Como se, para chamar a atenção para uma determinada demanda, fosse necessário interromper o fluxo das grandes cidades.

Recentemente, em São Paulo, a população “inovou”: sequestrou um caminhão da Eletropaulo e só o liberou depois do serviço feito. Uma tática de “ação direta” – as pessoas identificam o alvo que simboliza tudo o que está errado e o atacam.

Seriam estas, porém, as maneiras mais eficazes de pressionar por melhores serviços públicos (e obter resultados) em uma sociedade já consumida pelo excesso de espetáculo?

Por Rogério Jordão 
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