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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Crônicas do Cotidiano

Um alegre encontro 

* Tais Luso

Quem consegue ser feliz no lugar em que mora, ver beleza na simplicidade do cotidiano, já é meio caminho andado para achar, no final, que valeu a pena. Moro no meu bairro desde minha juventude. Ao caminhar entre as grandes árvores, prédios e casas antigas sinto-me feliz. Casei e fiz meu ninho por aqui. E aqui também morava meu marido.

Hoje, após o almoço, caminhando em direção ao Correio, Pedro e eu fomos interrompidos, bruscamente, por um homem que já avançava os 80 anos. Eta bichinho esperto e alegre! Chegou já cortando a nossa frente e, com sua voz forte, e olhando nos nossos olhos disse:

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Ficamos meio assustados, assim na rua... Isso foi inédito. Mas mal acabou e eu disse rapidinho, apontando para ele: Casimiro de Abreuuu!!! E nós três caímos num riso gostoso, assim, sem nos conhecermos, apenas enlaçados pelo poema que ele declamava, faceiro da vida. Nem considerei  se o homem estava meio fora da casinha...

Mas jamais diria pobre do velhinho... Digo que rico e alegre homem! Que encontro simpático. E continuou seu trajeto, enquanto nós dois atravessamos a rua, rindo. Amo esse bairro atípico, lindo e tradicional. Sempre encontro coisas do arco por aqui.

É aqui que entro e saio dos lugares e sou chamada pelo meu nome; é aqui que dizem leva... paga depois! É aqui que, mal saio do meu prédio, me perguntam sobre meu cachorro,  meus filhos, meu marido; é aqui que muitos se dizem saudosos de meus pais e lembram de meus avós.

Quero encontrar o declamador, novamente. Quero sentir alegria pelas ruas do bairro que é a extensão da minha casa.

Mas no próximo encontro direi para o nosso declamador que aqui é Parságada; é   aqui que somos felizes e amigos do rei...

Crônicas do cotidiano é escrito por Tais Luso, que reside em Porto Alegre e escreve uma vez na semana suas histórias e contos.  

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