Do jornal O globo:
BERLIM - O presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn,
renunciou ao cargo em meio ao escândalo de fraude sobre a emissão de poluentes
por motores a diesel da montadora alemã nos Estados Unidos. Desde o início da
crise, na semana passada, já se especulava que o executivo acabaria deixando a
empresa. Nesta quarta-feira, com a perda do apoio no conselho de administração
da companhia, ele acabou anunciando seu afastamento.
"Estou consternado pelos acontecimentos dos últimos
dias. Estou chocado com o fato de que condutas impróprias tenham ocorrido em
tal escala dentro Grupo Volkswagen", disse Winterkorn, de 68 anos, em um
comunicado.
"A Volkswagen precisa de um novo começo, também em
termos de pessoal. Estou liberando o caminho para este novo começo com a minha
renúncia", acrescentou ele na nota oficial.
Seu substituto será escolhido na sexta-feira, segundo o
Conselho de Fiscalização. A Volkswagen admitiu na terça-feira ter equipado 11
milhões de carros em todo o mundo com um software de manipulação de dados de
emissões de poluentes.
O sistema reconhecia quando um carro estava sendo verificado
em um centro de testes, mudando o motor para o modo de economia e injetando
produtos químicos para reduzir as emissões, a fim de registrar nos testes
resultados inferiores aos observados em condições normais de condução.
O caso foi descoberto nos Estados Unidos, que na terça também
anunciou a abertura de uma investigação penal. Em dois dias, a desvalorização
dos papéis da maior montadora do mundo chegou a 35% em relação a sexta-feira,
quando estourou o escândalo.
GOVERNO ALEMÃO ADMITE QUE SABIA DE DIFERENÇA DE DADOS
Os softwares fraudulentos detectados em modelos das marcas VW
e Audi nos Estados Unidos podem estar presentes em outras filiais, que conta
com marcas como Seat, Skoda e Porsche. A Volks afirma que o Brasil não tem
modelos com o sistema.
A Volkswagen anunciou também que gastará € 6,5 bilhões no
terceiro trimestre do ano para enfrentar as primeiras consequências do caso.
Isso levará a empresa a ajustar suas metas de lucro para 2015.
Mas a Agência de Proteção Ambiental dos EUA afirmou na
sexta-feira que a Volkswagen poderá enfrentar punições de até US$ 18 bilhões
por falsificar os testes.
Winterkorn declarou "sentir muito pela falta cometida
pelo grupo". É o maior escândalo já enfrentado pela empresa, fundada há 78
anos.
Promotores alemães disseram nesta quarta-feira que estão
realizando uma investigação preliminar sobre a manipulação de resultados de
testes de emissão de poluentes em veículos da marca, enquanto a ministra de
Energia da França, Ségolène Royal, afirmou que o país pode ser
"extremamente severo" se sua investigação encontrar qualquer delito.
Por outra parte, o Ministério dos Transportes da Alemanha
negou nesta quarta-feira que tivesse conhecimento sobre a tecnologia usada pela
Volkswagen, apesar de reconhecer que sabia de uma diferença entre testes e
emissões nas ruas.
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Membros do Partido Verde questionaram o governo sobre a
discrepância entre as emissões no ambiente de teste e durante a condução
normal.
O Ministério dos Transportes, respondendo em nome do governo,
reconheceu em um comunicado que estava ciente do problema e que estava buscando
regras mais rígidas. A resposta não reconheceu, no entanto, qualquer
manipulação deliberada.
— Não havia nenhum conhecimento do Ministério dos Transportes
sobre o uso de tecnologia de controle de emissões — disse um porta-voz do
ministério.
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