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sábado, 7 de novembro de 2015

Breve história do rádio no Brasil

Por José de Almeida 

O rádio nasceu no Brasil, oficialmente, em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão, à distancia e sem fios, da fala  do presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira. Roquette Pinto, um médico que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos, acompanhava tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2.

A rádio só começou a operar, no entanto, em 30 de abril de 1923, com um transmissor doado pela Casa Pekan, de Buenos Aires, instalado na Escola Politécnica, na então capital federal. Pessoalmente, ao cumprir tarefa em pequeno estúdio de rádio, em 1933, aos 11 anos de idade, na Rádio Sociedade da Bahia, a PRA-4 de Salvador, aprendi que as primeiras emissoras eram clubes ou sociedades de amigos, em geral, nascidas da união de curiosos encantados com a sensacional novidade.

Os famosos “galenas” eram pequenos e artesanais receptores de sulfeto de chumbo ao natural, que com uma antena de arame fino captavam vozes e sons vindos pelo ar. No transcorrer dos meus oitenta anos de trabalho, muitas vezes me perguntaram sobre o inicio da radiodifusão e onde operou a primeira emissora.  A resposta padrão passou a ser: “nosso país não tem tradição de preservar a memória nacional. Por isso, as controvérsias vão sempre existir.”

Uma das pistas para esclarecer é saber o nome de batismo: emissoras com clube ou sociedade em seu nome e o prefixo PR são comprovadamente as pioneiras. É o caso da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a PRA-2. Isto não impedia que, no Recife, Oscar Moreira Pinto e um grupo de amigos transmitissem sons e palavras antes do Rio de Janeiro e proclamassem a sua Rádio Clube de Pernambuco como pioneira. Apenas oficialmente registrada depois como PRA-8. Em São Paulo, jovens engenheiros começaram com a Rádio Educadora Paulista. Quase ao mesmo tempo, os baianos entraram no ar com a Rádio Sociedade, a PRA-4, enquanto cearenses organizaram a Ceará Rádio Clube. O Rio de Janeiro inaugurou sua segunda emissora – a Rádio Clube do Brasil – a PRA-3, diferente por ser comercial, a primeira a requerer e ser autorizada pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, via Correios e Telégrafos, a veicular anúncios.

Em dois anos (1923- 1924) eram muitas as emissoras em operação. No Rio Grande do Sul, a Sociedade Rádio Pelotense, de Pelotas, e em Porto Alegre, a Rádio Sociedade Gaúcha, que até hoje se proclama a pioneira no Sul do país.  Em Minas Gerais, a Rádio Clube Belo Horizonte,  com um potente transmissor de 500 watts; em Curitiba, a Rádio Clube Paranaense;  em São Paulo, mais uma,  a Rádio Clube São Paulo e a primeira emissora do interior, a Rádio Clube Ribeirão Preto. A partir daí, surgiram emissoras de rádio por todo o Brasil, como a Rádio Clube do Pará, no extremo Norte, e as fronteiriças do Rio Grande do Sul.

E antes das PRs? Apareceu alguma novidade? Em 10 de junho de 1900, o “Jornal do Comércio”, do Rio de Janeiro, relatou a experiência em 1893, do padre gaúcho Roberto Landell de Moura, com vários aparelhos de sua invenção. No Alto de Santana, em São Paulo, o jovem sacerdote e promissor cientista, em meio a seus estudos, fizera importantes descobertas sobre a propagação do som, da luz e da eletricidade, através do espaço, da terra e dos mares. Sem recursos e sem apoio, Landell de Moura não patenteou seus inventos.


Um físico italiano, Marconi, no entanto, em 1898, durante exposição em Londres patenteou o seu telégrafo sem fio, e mais tarde, a radiodifusão. Tornou-se pai da radiodifusão mundial. Landell de Moura voltou-se para a fitoterapia. Aos 67 anos, frustrado e doente, faleceu, anônimo, em setembro de 1928, em Porto Alegre.

José de Almeida Castro, fundador e ex-presidente da ABERT.

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