Imagem: reprodução. |
Por Daniel Buarque
Os Estados Unidos têm uma das legislações para porte de armas
mais criticadas em todo o mundo. A facilidade para comprar e portar armas de
fogo no país são constantemente responsabilizadas pelo alto número de mortes
registradas lá, em comparação com outras nações ricas, desenvolvidas e bem mais
seguras. O debate é intenso e retomado a cada caso de tiroteio em massa que se
torna notícia. Pois é este modelo liberal tão criticado que o Brasil está
interessado em copiar, segundo uma reportagem publicada pela revista americana
“Time''.
“Congressistas do Brasil, um dos países mais violentos do
mundo, estão propondo um afrouxamento dramático nas restrições para posse de
armas, aproximando muito o país do direito de portar armas dos Estados
Unidos'', diz a reportagem que trata sobre a revisão do estatuto do
desarmamento.
O argumento, diz a revista, é semelhante ao usado nos EUA, de
que os cidadãos precisam de armas para se defender. Mas críticos apontam que a
mudança vai apenas “aumentar a taxa de quase 60 mil assassinatos'' por ano no
país.
“No ano passado, o Brasil registrou 58.497 assassinatos, uma
taxa de 28,8 a cada 100 mil pessoas. Como comparação, os EUA registraram
14.249, uma taxa de 4,5″, explica.
A revista destaca ainda que o estatuto do desarmamento
aprovado em 2003 aumentou as restrições à posse de armas. “Nos primeiros dois
anos sob a lei, o número de mortes por arma de fogo caiu, mas depois voltou a
subir, apesar de defensores argumentarem que ele continua mais baixo do que
seria sem o estatuto.''
A exemplo do que o jornal francês “Le Monde'' comentou em
reportagem recente, a “Time'' explica que a mudança faz parte de uma onda
conservadora no Congresso do Brasil.
“O projeto de lei é a ação mais recente do que está sendo
chamado de bancada da bala, do boi e da Bíblia no Congresso Brasileiro.
Políticos ligados a serviços de segurança, grandes empresas de agricultura e
cristãos evangélicos que consolidaram seu poder nas eleições do ano passado e
levaram adiante uma série de medidas conservadoras'', explica.
* Daniel
Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do
país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. É Nascido e formado no
Recife, escreve regularmente para o UOL e já trabalhou como editor-executivo do
portal Terra, repórter do G1 e da Folha de S. Paulo.
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