Crédito da imagem: Folhapress. |
Por Vinicius Sassine do O globo, em Brasília:
Extratos bancários da Suíça atestam que o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou empresas offshore para movimentar contas
bancárias na Suíça, segundo fontes com acesso às investigações. Os documentos
remetidos ao Brasil confirmam o depoimento do lobista João Augusto Rezende
Henriques, um dos operadores do PMDB na Petrobras, sobre a existência de contas
bancárias controladas por Cunha.
O Ministério Público da Suíça decidiu encaminhar à
Procuradoria Geral da República (PGR) um procedimento aberto naquele país para
investigar o presidente da Câmara por suspeitas de corrupção e lavagem de
dinheiro. As investigações começaram em abril e tanto o MP da Suíça quanto a
PGR entenderam que as chances de punição do deputado são maiores no Brasil. Ele
não pode ser extraditado, por exemplo, como constou em comunicado oficial da
PGR sobre a existência das contas bancárias e da investigação.
A PGR faz uma avaliação dos extratos bancários encaminhados
pela Suíça. Até agora, já se sabe da veracidade do depoimento do lobista do
PMDB e que as contas são de empresas offshore vinculadas à Cunha.
Também seriam controladoras de contas na Suíça, onde estão
depositados e bloqueados cerca de US$ 5 milhões, a mulher e uma filha do
presidente da Câmara. Empresas offshore abertas em paraísos fiscais costumam
ser usadas para esconder os verdadeiros beneficiários dos negócios.
Preso desde 21 de setembro, na 19ª fase da Operação
Lava-Jato, Henriques afirmou em depoimento à Polícia Federal ter feito
pagamentos de propina em uma conta na Suíça. Entre os beneficiários dos
pagamentos estava o presidente da Câmara, segundo o lobista.
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O dinheiro se referia a compra e venda de um campo de
exploração de petróleo no Benin, um negócio com valor inicial de US$ 15
milhões, conforme Henriques. A conta destinatária da propina foi indicada por
Felipe Diniz, filho do ex-deputado Fernando Diniz, já morto, ainda segundo o
depoimento.
“Que, por fim, o interrogando gostaria de adicionar que em
relação a aquisição pela Petrobras do campo de exploração em Benin, a pessoa que
lhe indicou a conta para pagamento foi Felipe Diniz; Que Felipe Diniz era filho
de Fernando Diniz; Que Felipe apresentava dificuldades econômicas; Que a conta
indicada para o pagamento pertencia a Eduardo Cunha”, reproduziu a PF sobre o
depoimento de Henriques.
A partir da chegada do procedimento de investigação remetido
pelo Ministério Público da Suíça, a PGR deve abrir um novo inquérito para
investigar Cunha. Se a apuração já estiver em fase avançada, uma vez que é
feita desde abril pelos procuradores suíços, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, pode oferecer denúncia diretamente ao STF.
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