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domingo, 11 de janeiro de 2015

Crônicas do Cotidiano - Por Tais Luso

Alice no Brasil das maravilhas
Foto: divulgação / ON express (Arquivo)

      
     Eu sou a Alice – versão 2015, surreal. Moro num país tropical, maravilhoso, próspero e onde todos tem trabalho, lazer, educação e saúde. Tudo gratuito, já que pagamos com prazer os altos impostos.

Sinto-me  Alice porque moro num lugar muito seguro, de dar inveja à qualquer país do mundo. Tudo anda bem conforme grita nossa Constituição Federal. Sou feliz e despreocupada e vivo numa sociedade harmoniosa. E como eu, vivem assim mais de 200 milhões de brasileiros.

Há povo mais feliz do que o nosso ao cantar Aquarela do Brasil? Oh, Deus, que lindo! E o Carnaval? Que luxo! Aquilo é o retrato do nosso cotidiano, uma fila interminável de reis e rainhas rodopiando de felicidade.

Também fico emocionada com nosso Hino Nacional (verdade!). Sim, aprendi a amá-lo, pra mim é o mais lindo do mundo. Depois vem La Marseillaise – o belo hino francês.

Emociono-me com nossa bandeira, desde bebê aprendi que o branco simboliza a paz; o azul simboliza o céu e os rios brasileiros; o verde nos lembra as lindas matas e o amarelo simboliza nossa riqueza, tão cobiçada  – desde sua descoberta até hoje.

Lembro, também, que aqui temos total cuidado com os animais, todos prezam e tratam com carinho, não é? Não se vê animalzinho abandonado, principalmente nas férias, quando, gente com o coração de ouro, abandona os seus bichinhos nos parques e nas estradas. Esse é o Brasil das Maravilhas. Ou da irresponsabilidade?

Aqui, no País das Maravilhas temos total liberdade; brincamos de polícia e bandido, todos os dias, em todas as cidades – não há discriminação. Brincamos também, de esconde-esconde na nossa maior Empresa Estatal, orgulho Nacional. Cada mês uma brincadeirinha nova, somos um povo criativo e com dons naturais.

Aqui, no Brasil das Maravilhas, o pessoal de boa cabeça ganha muito bem – eles mesmos aumentam seus salários na calada da noite. E não tem papo. Mas é só trabalharmos uns 100 anos que ganharemos igual. Seremos uma sociedade mais solidária, mais fraterna... Ah, e mais igualitária

A pobre cidade de Melgaço, no Pará, está em  condições de dar seu verdadeiro depoimento, pois tem o pior índice de desenvolvimento humano do Brasil. Devem ser muito felizes, os irmãos lá de longe...

Aqui ainda não sabemos o que é corrupção e propina, essas coisas estranhas. Pagamos altos impostos mas temos tudo que precisamos, saúde e estudo gratuitos por toda a vida – do básico à faculdade, igual ao povo lá da Suécia.

Lembro que até o Papa, quando esteve aqui no Rio Grande do Sul, disse que era gaúcho! Lembro que a gauchada delirava. Não foi o Francisquinho, foi o João Paulo II. Vejam vocês, até um papa quis ser brasileiro! Maravilha. Fizeram até musiquinha pra ele, e foi embora encantado. Realmente somos um povo feliz da vida. E se um papa pode ser gaúcho, porque eu não posso ser a Alice do Brasil das Maravilhas?

Não sou uma pessimista extremada, mas nem uma otimista  boba. 
Contudo, torcerei para que nosso país saia dessa situação crítica e consiga respirar, pelo menos,  sem aparelhoO que já é uma esperança de vida.

Por TAIS LUSO. Porto Alegre, RS, Brasil

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